miércoles, 9 de septiembre de 2009

Verdade sem refrão

Em meio a tanta estupidez, em meio aos gritos de socorro que entoa um mundo inteiro, de vozes suplicantes, de um sofrer incessante e angustias compulsivas. Nessa furia intempestiva de tanta inconformidade, flutua o nosso artista, de uma arte conformista, repleta de vaidades, belezas, efemeridades, de herdeiros mimados da militancia de outra idade, cansados do que não fizeram, colhendo as flores de falsos amores, em um mundo de espinhos ponteagudos. São caras inexpressivas, são vozes sem explosão, um som que ecoa no umbigo, transita entre os absurdos, pois mais vale a perfeição.
Poupemos tanta saliva, tomando iniciativa, a arte é coletiva, viceral, persuasiva, o artista é um vulcão, o microfone é uma bomba de efeito moral, uma arma atomica e letal nessa guerra de poderes e opressão.
Sinto saudades de um tempo que eu não vivi, não vejo heroismo na minha geração. Nessa guerra sem batalha o vencedor é o vilão! Vivo em um mundo de referencias mortas, da militancia vil. Vai pra puta que pariu!!!
Cadê o protesto??? Se sobram motivos pra brotar a inspiração! Para onde foram nossas esperanças??? Só nos restam aparências??? Onde está imaginação??? Somos analfabetos letrados??? Somos atores operados??? Somos poetas enlatados??? Somos artistas alienados??? Somos um paradoxo??? Ou melhor, contradição!
Não quero fazer parte dessa geração imbecil. Vai pra "puta que pariu"!
Espectadores ávidos por uma super-produção??? Dormindo na fila por uma entrada, ou por pura diversão??? Enquanto outros dormem na rua por falta de opção! Pisca-pisca e play backs, as promessas do futuro, a cultura do banal, a fabrica de fantasmas do mercado musical. Minha avidez é viceral, estou avida por mudanças, por justiça, por adultos decentes, por comida, por crianças na escola, por politicos no xadrês!!!
Pouco me importa se é regravação ou é uma nova composição... afinal, sempre cantam o mesmo refrão!!!
Nos tempos do MP3 pracisamos virar o disco!!!
O povo não quer a verdade, a tv não quer a verdade, a verdade não é tem pisca-pisca nem play backs, soa ao vivo e amplificado, nas favelas, no iraque, na palestina, no afeganistão, a verdade estala nos timpanos, quando não estala na cabeça de um cidadão. A verdade é muito mais pesada do que um "heavy metal" maquiado de ideologias vazias. A verdade tem fome, a verdade tortura, a verdade anda armada, a verdade manipula, a verdade mata, a verdade abusa, explode por todos os cantos, a verdade discrimina, incrimina o inocente e liberta o charlatão, a verdade é feia, é hedionda, e nós somos idiotas.
É preciso cantar o amor, a beleza do sorriso, os nossos dias de paz, a vida em sua beleza. O que a gente não pode é ficar indiferente, e viver tão impotente em meio a tanta tristeza!
Sejamos criativos pra encontrar a solução, pra essa falta de identidade, pro povo sentir vontade de correr na contra mão. Antes que seja tarde, cantemos a liberdade, é ter força de vontade, um pouco de compaixão, combater a crueldade, promover a igualdade, essa é a nossa missão.
O mundo não precisa de mais um super star, o Brasil está cheio de estrelas frias, que brilham pra si, não iluminam, não guiam a multidão. Chega de olhar para o céu, chega de tanta ilusão!!!!
É hora de acordar, de atuar, de viver a revolução, estão usurpando a nossa dignidade, estão roubando nossa honra, estão violando nossos direitos, manipulando nossas mentes, promovendo a estagnação.
Se o Brasil virou um circo, e eu me recuso a ser palhaço! Não quero rir da miséria, nem aplaudir nosso fracasso, não quero fazer parte desse show, de abusos, absurdos, os frutos da alienação que protagoniza em cinema mudo, essa impavida nação.
Vamos cantar alto, dessa vez não é pra dançar mais um hit do verão, é pro povo escutar!!! Contra todas as injustiças, pra tirar nossa gente da frente da televisão, para tirar o José do sofá, pra tirar a Maria do fogão. Pra botar o povo na rua, pois eu não quero outra ditadura pra fazer uma boa canção!