lunes, 28 de septiembre de 2009

Falando de mim

Aos poucos vou aprendendo a falar um pouco menos e ouvir um pouco mais
Essa lingua intransigente, incontida e descontente, afoita por conversar!
Eu quero calar meu pranto, enquanto ele cala eu canto, e sinto minh´alma em paz
Essa lingua imprudente, aflita e impaciente, incontinente em verbalizar!
Quero ouvir os seus relatos, saber quem eres de fato, e não me esquecer jamais
Essa lingua inconveniente, que salta da boca da gente, antes da mente pensar!
Manter os ouvidos abertos, falar no momento certo, como um bom mineiro faz
Essa língua audaciosa, transforma meu verso em prosa, e segue a tagarelar!

Meu pai bem me disse um dia
Pra conter essa agonia, essa ansia de falar
Na verdade ele sabia
Essa minha rebeldia não dava pra segurar
Dois ouvidos e uma boca
É assim, não é a toa, ve se aprende a escutar!
(A)Inda falo em demasia
Escrevo mais poesia, e as vezes consigo parar
Então hoje, quem diria
O silencio provoca alegria (O silencio me faz companhia)
E de cabeça vazia, meus mantras posso entoar
Aqui nessas terras frias
Os ouvidos tem mais valia, aqueço a voz e os corações com meu cantar

Na Europa sou imigrante, extrangeira, itinerante
Pretendo seguir adiante aonde meu som me levar
Vejo gente diferente num encontro fascinante,
E mesmo em mudança constante, me emociono ao ver o mar
(surpreendo)

Tenho a alma aventureira, não sou menina brejeira, e talvez por minhas maneiras não pareço tão Mineira, mas eu sou e até demais (sô)!
Pode ser que eu fale muito, seja um tanto irrequieta, mas quem me conhece sabe, o quanto eu sinto saudade (uai) das minhas Minas Gerais!

A dor da seca

A dor da seca

Saio cedo com a esperança, nem sei bem pra onde ir
Sinto o seco do chão, e o silencio ruidoso do sertão
Já não são meus pés que andam, já flutuo sem sentir
Passa o tempo em vão, do calor brota minha alucinação

A seca quer vencer meu corpo fraco quer seguir
As aguas enchem meus olhos de sede e ilusão
Ai quanta dor aqui dentro, sem forças pra sorrir
Essa dor que é da fome, não é dor do coração

A vida não tem mistérios, quando na mesa tem pão
Na minha casa sobra amor, falta o que eche a barriga
Pranto, agua que me falta, choro a perda do meu varão
Pra salvar a minha prole, saio em busca de comida
Peço a Deus o alimento, onde a seca come o chão

miércoles, 9 de septiembre de 2009

Verdade sem refrão

Em meio a tanta estupidez, em meio aos gritos de socorro que entoa um mundo inteiro, de vozes suplicantes, de um sofrer incessante e angustias compulsivas. Nessa furia intempestiva de tanta inconformidade, flutua o nosso artista, de uma arte conformista, repleta de vaidades, belezas, efemeridades, de herdeiros mimados da militancia de outra idade, cansados do que não fizeram, colhendo as flores de falsos amores, em um mundo de espinhos ponteagudos. São caras inexpressivas, são vozes sem explosão, um som que ecoa no umbigo, transita entre os absurdos, pois mais vale a perfeição.
Poupemos tanta saliva, tomando iniciativa, a arte é coletiva, viceral, persuasiva, o artista é um vulcão, o microfone é uma bomba de efeito moral, uma arma atomica e letal nessa guerra de poderes e opressão.
Sinto saudades de um tempo que eu não vivi, não vejo heroismo na minha geração. Nessa guerra sem batalha o vencedor é o vilão! Vivo em um mundo de referencias mortas, da militancia vil. Vai pra puta que pariu!!!
Cadê o protesto??? Se sobram motivos pra brotar a inspiração! Para onde foram nossas esperanças??? Só nos restam aparências??? Onde está imaginação??? Somos analfabetos letrados??? Somos atores operados??? Somos poetas enlatados??? Somos artistas alienados??? Somos um paradoxo??? Ou melhor, contradição!
Não quero fazer parte dessa geração imbecil. Vai pra "puta que pariu"!
Espectadores ávidos por uma super-produção??? Dormindo na fila por uma entrada, ou por pura diversão??? Enquanto outros dormem na rua por falta de opção! Pisca-pisca e play backs, as promessas do futuro, a cultura do banal, a fabrica de fantasmas do mercado musical. Minha avidez é viceral, estou avida por mudanças, por justiça, por adultos decentes, por comida, por crianças na escola, por politicos no xadrês!!!
Pouco me importa se é regravação ou é uma nova composição... afinal, sempre cantam o mesmo refrão!!!
Nos tempos do MP3 pracisamos virar o disco!!!
O povo não quer a verdade, a tv não quer a verdade, a verdade não é tem pisca-pisca nem play backs, soa ao vivo e amplificado, nas favelas, no iraque, na palestina, no afeganistão, a verdade estala nos timpanos, quando não estala na cabeça de um cidadão. A verdade é muito mais pesada do que um "heavy metal" maquiado de ideologias vazias. A verdade tem fome, a verdade tortura, a verdade anda armada, a verdade manipula, a verdade mata, a verdade abusa, explode por todos os cantos, a verdade discrimina, incrimina o inocente e liberta o charlatão, a verdade é feia, é hedionda, e nós somos idiotas.
É preciso cantar o amor, a beleza do sorriso, os nossos dias de paz, a vida em sua beleza. O que a gente não pode é ficar indiferente, e viver tão impotente em meio a tanta tristeza!
Sejamos criativos pra encontrar a solução, pra essa falta de identidade, pro povo sentir vontade de correr na contra mão. Antes que seja tarde, cantemos a liberdade, é ter força de vontade, um pouco de compaixão, combater a crueldade, promover a igualdade, essa é a nossa missão.
O mundo não precisa de mais um super star, o Brasil está cheio de estrelas frias, que brilham pra si, não iluminam, não guiam a multidão. Chega de olhar para o céu, chega de tanta ilusão!!!!
É hora de acordar, de atuar, de viver a revolução, estão usurpando a nossa dignidade, estão roubando nossa honra, estão violando nossos direitos, manipulando nossas mentes, promovendo a estagnação.
Se o Brasil virou um circo, e eu me recuso a ser palhaço! Não quero rir da miséria, nem aplaudir nosso fracasso, não quero fazer parte desse show, de abusos, absurdos, os frutos da alienação que protagoniza em cinema mudo, essa impavida nação.
Vamos cantar alto, dessa vez não é pra dançar mais um hit do verão, é pro povo escutar!!! Contra todas as injustiças, pra tirar nossa gente da frente da televisão, para tirar o José do sofá, pra tirar a Maria do fogão. Pra botar o povo na rua, pois eu não quero outra ditadura pra fazer uma boa canção!