miércoles, 4 de noviembre de 2009

A arte do encontro - junho de 2009

Faz tempo que não escrevo, por falta de inspiração, de motivação, de um tema que me emocione. Porém essa semana eu nao só encontrei o tema como o vivi, cada minuto e a cada encontro.
Acabo de voltar de uma surpreendente viagem a Marseille, no sul da França, que me proporcionou dias tao maravilhosos quanto sutís. Duas intensas semanas de trabalhos musicais exaustivos e imensamente prazeirosos, com pessoas de olhares e atitudes sinceras e uma leveza flutuante que talvez sequer percebam. Me contagiei dessa energia que já era providencial nesse momento da minha vida. Pois em meio de conflitos existenciais e profissionais, dias conturbados - ocasionados pelas responsabilidades do meu trabalho (que é puramente musical, logo, sentimental) e opostos a tudo que a musica representa para mim - chego a esse mar de paz e mil harmonias no sentido amplo da palavra.
Essas harmonias me levaram a coversas agradabilissimas na casa da tão radiante e bem humorada Clélia Morali, paraiso debruçado no mar mediterraneo. Dialogos matinais, verspertinos ou noturnos, sempre acompanhados do piano e da sensibilidade de Yves Guenon que já habita meu coração. Harmonias que me encontraram com Janseline e Síntia, uma com sua causa nobre pelas crianças do Brasil, outra com sua arte repleta de sensibilidade. Harmonias que sairam dos ensaios inundados de talento e bom humor, com Simon e sua latinidade francesa, Patinho, Bacalhau, João de Athayde (companheiro de longos diálogos), João do Ylê, a tão especial Leila Benini, Benoit e Wallace. Da receptividade de Zora e suas encantadoras amigas, nossas conversas "femininas" num encontro de mulheres, dos mais divertidos que já participei. Do idioma peculiar que inventamos, eu e Malika, para nos comunicar e estreitar os laços. Da simplicidade, generosidade e pureza de Juciara e Dona Severina, que me fizeram chorar de alegria, sorrir de satifação e apreciar o melhor da culinária nordestina. Da simpatia e energia contagiante da Cristina Lemos. Das histórias impressionantes do fotógrafo e "antropólogo por acidente" Christophe, um homem capaz de nos levar, atrevés de suas fotos, por todos os cantos do Brasil, e mais, nos faz olhar nos olhos e enxergar a alma do verdadeiro "povo brasileiro".
Viajei sem rumo, com objetivo, porém sem nada esperar. E chego em casa como quem acorda de um sonho bom, com toda as harmonias impressas na minha alma, com todos os momentos impressos na memória, com todas as sensações maravilhosas que esses novos encontro puderam provocar, com uma leveza angelical de que baixa de uma núvem de sorrisos e abraços.
E antes de me despedir, um dos momentos mais especiais... Jacques Pierre e Yves me convidam para um passeio em um dos lugares mais antigos e mais fabulosos de Marseille, com a declarada intençao de arrebatarme de amores pela cidade que me havia seduzido. Foram como quarenta minutos de uma conversa muito interessante e agradável, com uma das vistas noturnas mais belas que eu já pude presenciar. E óbviamente me apaixonei por Marseille e tudo que para mim ela passou a representar. Depois de tanto ouvir essa frase eu finalmente constatei vivenciando-a, que realmente, a vida é a arte do encontro.