domingo, 1 de febrero de 2009

Nós Mulheres

Vivo na Europa do século 21, um continente onde as mulheres são livres (na maioria dos países), conquistaram essa liberdade e são exemplo nessa luta para todas as mulheres do mundo, que ainda batalham por seus inúmeros direitos. Mulheres que decidem como serão suas vidas, que atuam em todos campos com bastante autoridade, que se relacionam sexualmente com muita liberdade seja com homens ou mulheres, e que, por mais que pareça absurdo, ainda morrem pelas pesadas mãos de seus companheiros.
Nós mulheres Brasileiras, sabemos que essa vergonhosa estatística é bastante comum no dia dia de nosso país. Revoltante, indignante, infeliz realidade. E o que más me deprime é tomar conhecimento que a violência doméstica na Europa tem somado os números ao invés de subtrair. QUE PASA?!
Existem claras diferenças entre o homem e a mulher, que nenhum movimento ou manifestação pode mudar, e uma delas é a força física. E essa diferença cruscial entre os dois sexos muitas vezes leva as mulheres a padecer pelas agressões de seus violentos "amores", ou ex-amores. Bestas humanas que diante da ausencia de sensibilidade, de sanidade, de controle emocional, diante de suas fraquesas insuperadas, vêem na violência física a solução para seus problemas sentimentais.
É inaceitável que exista machismo nos tempos atuais, que permitamos a existencia de machistas em nossas vidas, que sejamos nós machistas a ponto de permití-lo, mesmo que seja por amor. Em muitas ocasiões podemos detectar facilmente um homem machista e violento, assim como podemos detectar um homem sensível e respeitador, por suas atitudes e opiniões. Em outros casos a covardia está escondida em lugares obscuros, e se revela em um momento de descontrole.
Ha algum tempo eu convivi com um casal já bastante "debilitado", onde o marido tinha toda liberdade para fazer o que queria, sair e chegar quando lhe convinha, e a mulher era completamente dominada e submissa. O esperava todos os dias, sem sair de casa, salvo na hora de trabalhar. Acredito eu que ela esperava muito mais por um olhar ou um beijo. Até que um dia, cansada de esperar, saiu sozinha à noite, para chamar a atençao antes de qualquer outra coisa. E diante da situação, esse indivíduo, sem o minimo de equilibrio e sensibilidade se tranformou, a ponto de mudar de voz. E enquanto a massacrava moralmente, ela calava, não saia do lugar, não reagia diante daquela chuva de ameaças e palavras humilhantes. E depois desse episódio, continuou a seu lado aceitando todas as condições degradantes de um relacionamento machista. Todos nós conhecemos pelo menos um caso parecido ou talvez mais duro.
Temos que pensar até que ponto nós mulheres temos responsabilidade nesses casos. Se podemos frear tais relacionamentos, já que temos direito de escolha, se podemos nos salvar de um final trágico. Nesse mundo existem mulheres machistas, que criam seus filhos com valores machistas e que permitem atitudes dominadoras dentro de suas casas. Se é falta de informação, façamos com que essas informações cheguem onde precisam chegar. Um homem não cresce machista por si só, um menino ao longo de sua vida se basea em referências, de educação, de caráter e de comportamento, para formar sua personalidade e convicções. As referências estão dentro de casa.
Se ainda não haviamos dado conta que nós podemos mudar o pensamento de nossos filhos, irmão, pais, primos, sobrinhos, amigos e companheiros, devemos conscientizar-nos já, pois isso é fato. E por mais mirabolante que isso pareça, podemos salvar vidas, tanto dentro do nosso convivio, como fora dele, pois a violência doméstica não é um acontecimento exclusivo do terceiro mundo e países em desenvolvimento, é uma dura realidade que independe da classe social, religião ou etnia.
Transformar essas pesadas mãos em doces abraços protetores, direcionar a força física para coisas úteis, e não para atos de covardia, mostrar que machismo e masculinidade são coisas completamente diferentes, que homens sensiveis não deixam de ser masculinos, que a sensibilidade os permite dar muito mais amor, justamente o que nós precisamos.